"Sem folha não tem sonho
Sem folha não tem festa
Sem folha não tem vida
Sem folha não tem nada
Quem é você e o que faz por aqui?"
Acreditamos que em 2023 poderíamos respirar. Mas os filmes que nos chegaram evidenciam que ainda vivemos em um país e num tempo de urgências. Novo governo, outros ares, volta do Ministério da Cultura, o maior recurso para o audiovisual brasileiro da história (por meio da Lei Paulo Gustavo, nos recordando que a pandemia está presente nos lutos e sintomas persistentes entre corpos e socialidades). O recurso ainda não chegou, e as causas que proporcionaram as condições para o vírus da covid-19 surgir e se desenvolver continuam a ser desconsideradas: o aquecimento global acelerado pelas práticas predatórias dos recursos naturais e as violências contra as comunidades que vivem em sua codependência. A produção nacional de cinema documentário dos dois últimos anos nos evidencia: ainda temos demandas imensas e latentes.
Diante disso, assistir aos mais de 350 filmes enviados, selecionar e montar as 13 sessões da Mostra Contemporânea Brasileira do forumdoc.bh.2023 foi uma tarefa realizada com muita atenção e cuidado. É esse também o exercício sensível e difícil da curadoria – escolher, abrir mão, propor relações possíveis entre os filmes e o mundo, entre o que fica e o que sai, entre o campo e o extracampo de um festival. Não pretendemos dar conta de um panorama da intensa e dinâmica produção nacional, mas sim de um conjunto audiovisual que nos afeta e clama por visibilidade. Filmes que, em diálogo, se potencializam, se confrontam, que nos propõem relações improváveis, às vezes contraditórias, que deslocam e desorganizam nossas perspectivas e expectativas sobre o mundo e sobre a própria matéria fílmica. Esperamos que esses filmes ofereçam aberturas para continuarem contaminando nossos pensamentos e desenhando relações diversas com outros filmes que não estão presentes na mostra.
Iniciamos nosso percurso com A invenção do outro (Bruno Jorge, 2022), na Amazônia dos Korubo, povo indígena de contato recente, com o qual trabalhava Bruno Pereira, antropólogo brutalmente assassinado junto ao jornalista Dom Phillips, seu parceiro naquela expedição. No filme, subimos o rio numa voadeira, na companhia de Bruno a nos guiar pela floresta rumo ao primeiro contato com uma comunidade korubo isolada. Revisitamos também o vasto território do rio Itaquaí e o Vale do Javari em Relatos de um correspondente de guerra na Amazônia (Ana Aranha e Daniel Camargos, 2023), desde o dia seguinte ao desaparecimento de Bruno e Dom. Daniel é o narrador do documentário que desvela o cotidiano prenhe de ameaças no qual vivem os jornalistas que trabalham na cobertura da região amazônica. Do Vale do Javari, o diretor parte para a cobertura do encontro entre a UNIJAVA¹ e os Guardiões da Floresta, organização de povos indígenas maranhenses, para uma troca de saberes e experiências planejada por Bruno Pereira. De lá, segue para o Pará, se deparando com os efeitos nocivos do mercúrio – utilizado no garimpo indiscriminado do ouro – nos corpos de crianças mundurukus.
A margem do ouro (Sandro Kakabadze, 2022) documenta a prática do garimpo que vem drenando os rios, contaminando a água e o solo, fazendo adoecer populações ribeirinhas e indígenas por meio de uma narrativa que acompanha personagens-vidas na cidade e seu entorno, humanizando e complexificando suas existências também enquanto sobrevivências ao capitalismo predatório. Num contraponto ao garimpo crônico, incrustado nas terras amazônicas, nos deparamos com a alteridade radical do pensamento Yanomami presente em Mãri-hi - A árvore do sonho (Morzaniel Iramari, 2023). Numa montagem tão improvável quanto onírica, guiada pelas palavras do sábio xamã Davi Kopenawa, nos encontramos com o modo de pensar-filmar do povo da terra-floresta, os ensinamentos da árvore que guarda os sonhos Yanomami e que os faz manter suspenso o céu – pela continuidade da vida no planeta.
Em Aqui en la frontera (Marcela Ulhoa e Daniel Tancredi, 2022) acompanhamos três personagens-vidas durante um ano da ocupação de uma escola pública por uma comunidade de refugiados em Boa Vista, Roraima. Os cineastas seguem até Caracas, mostrando a desvalorização da economia e das vidas venezuelanas diante do cotidiano de cerceamentos, inflação, assistencialismo e falta de visibilidade pública. O Fim da Noite (Vladimir Seixas, 2023) propõe uma fabulação crítica de uma distopia na qual uma mulher indígena protagoniza um Brasil que é uma floresta desabitada e vigiada por robôs humanoides em meio à crise climática.
Em Relatos de uma guerra (Pedro Biava, 2023), é a luta dos Guarani-Kaiowá pelo direito à terra e à existência que está em cena nos territórios de retomada indígena, invadidos de maneira criminosa por pistoleiros no Mato Grosso do Sul. Uma dessas investidas é gravada enquanto o caveirão – um trator adaptado com uma blindagem e três pistoleiros na cabine que abriga também o motorista – atira multidirecionalmente e destrói de forma simultânea a mata que resta.
Rejeito (Pedro de Filippis, 2023) atualiza os impactos de um dos maiores rompimentos de barragem da história do Brasil, em Mariana, e confronta, de modo político e incisivo, as correlações das violências predatórias da atividade da mineração e da extração industrial em seus múltiplos pactos com o capitalismo. Tencionando lógicas discursivas hegemônicas de uma proposta falida de modernidade e de um suposto projeto econômico, o filme esgarça o ecocídio, a produção política da morte, e escancara a normalização da destruição e aniquilação recorrente da vida promovidas pela sociedade ocidental. O futebol (Paula Zanardi, 2023) nos apresenta as moradoras de Paracatu de Baixo e Barra Longa, distritos da localidade atingida que, através do jogo, encontraram uma maneira de se reconectar, de celebrar a vida e de nutrir esperanças para o futuro. No futebol, repactuam a força da comunidade e atestam a capacidade humana de se recuperar diante de desafios intransponíveis.
O território das Gerais também é representado no encontro com a Barragem Santa Lúcia, espacialidade que tem suas águas marcando a divisão entre vidas, sonhos e futuros numa mesma cidade. Em Amanhã (Marcos Pimentel, 2023), a direção realiza um filme que se inicia 20 anos antes, com o protagonismo de três crianças que compartilham o espaço da barragem e durante algumas tardes intercambiam as brincadeiras e seus lugares de origem. Na temporalidade atual, o reencontro entre os três é suspenso pela indisposição da personagem do asfalto e pelos desencantos e desalentos a que são submetidos os irmãos moradores do Aglomerado. O filme nos envolve e convoca a entender que cidades são essas que habitamos e mantemos enquanto lugares de exclusão, segregação e privilégio.
Perante um conjunto de filmes que dão a ver, em alguma medida, o desamparo gerado pela conjuntura, as complexidades, obstruções e os desafios das inúmeras e diversas disputas políticas e sociais travadas no presente, Cordelina (Jaime Guimarães, 2022) se instaura como uma obra dedicada ao combate do medo e da desesperança. Provocando encantamentos enquanto estratégia de resistência e de transformação da realidade, evidenciando as abundâncias que inscrevem e constituem o sertão, o filme mobiliza – a partir da imaginação e da fabulação especulativa – lições, acolhidas e direcionamentos para o desenho de futuros possíveis.
Não existe almoço grátis (Marcos Nepomuceno e Pedro Charbel, 2023) aposta veementemente na organização do coletivo, na politização da classe operária e trabalhadora, e na força da solidariedade para uma alteração radical da vida social. Destrói assim as narrativas contemporâneas de meritocracia assoladas e insurgidas pelo neoliberalismo e se ampara na vida e perspectiva de mulheres negras que tecem cotidianamente a luta por terra e por moradia. O filme apresenta imagens e registros das últimas horas que antecedem o fim de um governo genocida e fascista de extrema direita no Brasil, e a passagem para o ano novo, que vem temperado de esperança e coragem.
Na mesma territorialidade da capital nacional, Rumo (Bruno Victor e Marcus Azevedo, 2022) elabora, a partir de diferentes procedimentos fílmicos (depoimentos, imagens de arquivos, gestos de encenação), os ecos da concretização de políticas públicas de afirmação racial na Universidade de Brasília. Tendo como ponto central a implementação das cotas para estudantes negros e negras na universidade pública, o filme evidencia e enfrenta, com precisão, as disparidades e violências fomentadas pelo racismo e pela branquitude nos espaços acadêmicos.
No instigante desafio que se estabelece perante a articulação e apresentação dos filmes propostos, torna-se imprescindível sublinhar a forte aparição de obras e imagens que buscam elaborar de diferentes modos e formas a inscrição e constituição das relações raciais e étnicas no documentário brasileiro contemporâneo. Trata-se de obras que interseccionam de modo sensível e complexo recortes territoriais, geográficos, tecnológicos, relações de classe e também de gênero. A bata do milho (Eduardo Liron e Renata Mattar, 2023), por exemplo, apresenta a tecnologia do plantio do milho desde o preparo da terra, passando pela semeadura, cultivo, colheita e trato das espigas, chegando até a produção da farinha, atualizando cantos de trabalho comunitários em um território interiorano que, acima de tudo, nos ensina sobre a simplicidade do que é essencial.
Investigando os espaços físicos e simbólicos da moda produzida com e dentro da periferia de São Paulo, Picadilha de quebrada (Iuri Salles, 2023) explora as relações intersubjetivas produzidas entre a juventude negra periférica e os seus respectivos territórios de moradia e vivência. Revelando duras e difíceis camadas da discriminação racial, da violência e da cotidiana brutalidade policial, o filme incorre de modo inventivo em múltiplas reflexões sobre amizade, identidade, relações afetivas em espaços marginalizados, estética, política e pertencimento. Ramal (Higor Gomes, 2023) também encontra forças no território e nas formas intensas e inventivas de produção de vida que se dão em espaços à margem, postulados, agenciados e protagonizados por experiências negras. Acompanhando manobras perigosas da prática do grau, acessamos um coletivo de homens da periferia subvertendo a lógica e o tempo do trabalho, gestando encantamento perante a vida.
Neirud (Fernanda Faya, 2023) complica e embaraça as relações entre o visível e o indizível presentes na magia das imagens. Através de um trabalho de investigação minucioso sobre diferentes arquivos de uma família circense (fotografias, vídeos, imagens, cartas e textos), o filme abre-se como fissura diante dos apagamentos, silenciamentos e a invisibilização sistemática da história e memória da personagem-vida. Neirud é uma mulher negra que atravessou inúmeros e complexos afetos – inter-raciais, lésbicos, disjuntivos – e opressões enquanto esteve aqui, produzindo concomitantemente regozijos, gozos e alegrias com e para aqueles que a cercavam.
Black Rio, black power (Emílio Domingos, 2023) nos relata de modo sensível e singular o surgimento dos bailes de soul no Rio de Janeiro, entre as décadas de 1970 e 1980, momento que antecede a redemocratização na sociedade brasileira. O filme reflete, de forma política, as influências e o impacto do movimento negro na cultura, na emancipação estética e na transformação de pensamentos que tangenciam e incidem sobre a história do orgulho negro durante esse período. Documentando a memória carioca de outro modo, Noite das garrafadas (Elder Gomes Barbosa, 2022) desvela a história da revolta abolicionista que ocorreu no centro da capital nacional à época, em 1831. Perscrutando as forças de um território marcado e constituído pelo autoritarismo e pela opressão, as imagens apresentadas abrem fendas e passagens para dar a ver e sentir as operações de revolta, rebeldia e revolução que também inscrevem e incidem sobre esse lugar. Produzindo deslocamentos temporais e tencionando as linearidades da história oficial, o filme nos indaga de modo direto e de forma precisa: o que resta da colonização entre nós?
Grandes senhoras (Milena Manfredini, 2023) nos apresenta ensinamentos transmitidos por Ebomi Cici de Oxalá e Mãe Celina de Xangô. Um tributo vivo à espiritualidade e à ancestralidade, o filme reverbera a influência do Orixá Ossain. Nesse projeto, a força da multiplicidade feminina aparece com vigor e rigor estético. Com depoimentos de mulheres de axé, ele nos conduz para a importância das plantas, símbolos vitais para as tradições sagradas, e ilumina a resiliência e o poder de transformação que habita as raízes culturais e espirituais afrodiaspóricas.
No curta Daqui pra li, de lá pra cá (Wellison Silva e Nefertiti Baobá, 2022), atravessamos a ponte que liga Cachoeira a São Félix, na Bahia, acompanhados de uma conversa sobre a vida na região, a violência urbana que perpassa as cidades brasileiras, a liminaridade e a fronteira que tal espacialidade compõe. A ponte habita e determina o imaginário da população, incluindo estudantes da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, um dos campus em território com a maior população negra do país. Na travessia do filme, formas de enfrentamento e subjetividades não hegemônicas criam alianças na reinvenção das possibilidades de existências diante do mundo. Resultado de uma pesquisa na Universidade Federal de Minas Gerais, Kalunga do Rosário (Capitão Washington Luís, 2023) nos leva para a festa em Oliveira, em um mergulho, via cinema direto, nos ritos, encontros, sons, músicas, imagens e religiosidade. A festa abriga uma espacialidade de resistência e sobrevivência das comunidades negras, desde os tempos da escravidão, constituindo hoje território de afirmação de identidade cultural imprescindível no mapa das gerais. A força do próprio ato de pesquisar toma aqui forma através do audiovisual.
Das águas (Adalberto Oliveira, Tiago Martins, 2023) estabelece uma denúncia contundente sobre a poluição sistêmica do rio Capibaribe, curso de águas que banha o estado de Pernambuco. Revelando o cotidiano de famílias e comunidades pobres que encontram na pesca as condições de subsistência básica, o filme expõe os conflitos, as questões e os desafios provocados pelo racismo ambiental e a inércia das autoridades públicas e da sociedade.
Questionando as audiovisualidades com a força do protagonismo do cinema feito com e por mulheres, Me farei ouvir (Bianca Novais, Flora Egécia, 2022) problematiza e responde às intensas sub-representações na política brasileira. Na apresentação de perspectivas e leituras de mulheres diversas com diferentes percursos e trajetórias políticas, o filme aborda e evidencia as agruras e obstruções promovidas e provocadas pela frágil democracia, que ainda se faz fortemente interpelada pelo machismo, sexismo e pelo patriarcado. De mãos dadas com mulheres indígenas e na esteira do pensamento de enfrentamento ao domínio masculino, no cinema, nas imagens e na política, Ára: tempo-espaço (Raquel Canário, 2023) se manifesta como um filme poético e político. Fundado nos gestos e nos cantos na Esplanada dos Ministérios em Brasília, o filme acompanha, através de uma proximidade latente, a Primeira Marcha das Mulheres Indígenas, em 2022. Revelando a luta coletiva contra opressões históricas e enfrentando as múltiplas colonialidades do ser, o filme produz convites e ações que indagam as organizações, instituições e formas de pensar ocidentais que asfixiam e paralisam o presente.
A cinematografia indígena encerra nosso percurso textual com o filme Ãjãlí Numã: o jogo de cabeça dos Manoki e Mỹky (Tipuici Manoki e André Tupxi Lopes, 2023). Povos vizinhos, irmãos e rivais, os Manoki e Mỹky preparam e vivem um campeonato de competição entre si, que nos remete a como seus modos de vida se entrelaçam e se reinventam desde suas diferenças, protegidas por territórios demarcados, depois de anos de violências coloniais.
Nesse entramado de filmes que selecionamos para compor a Mostra Contemporânea Brasileira do forumdoc.bh.2023, a urgência de visibilidade e agência para transformação é presente em todas as personagens-vidas e narrativas fílmicas em tela. Iremos encontrar imagens políticas, conhecer novas histórias, mas também ver, ouvir e sentir, com todo o corpo, questões, problemáticas e implicantes que não podem mais ser silenciadas, apagadas, marginalizadas e deturpadas pela escrita da história. São imagens de demandas que exigem reparação dos danos sofridos. Nesse sentido, compreendemos que uma ética da reparação² é acionada pela seleção de filmes que escolhemos mostrar no Cine Humberto Mauro, que perdurará na memória da programação e no catálogo. Essas imagens convocam a espectatorialidade aos gestos e práticas para, no engajamento possível, diante das lutas, enfrentar-se o que precisa ser transformado por meio de agência, ação e sonho.
Currículo
Ana Carvalho
É artista, cineasta e educadora popular. Há mais de 20 anos trabalha junto a povos indígenas e comunidades tradicionais no desenvolvimento de projetos culturais e de criação artística compartilhada nos campos das artes visuais, cinema e agroecologia. Integra o corpo de colaboradores do Vídeo nas Aldeias, organização que apoia as lutas dos povos indígenas para fortalecer suas identidades e seus patrimônios territoriais e culturais por meio de recursos audiovisuais. Investiga as relações entre memória, território, comunidades de cuidado e a convivência entre os seres humanos e mais que humanos. Dedica-se à criação de uma poética da regeneração, atravessada pela escrita, vídeo, fotografia, desenho, intervenção, plantio e outras linguagens. Vive e trabalha em Pernambuco.
Arthur Medrado
É professor e pesquisador com interesse em produções com fins educativos e experimentais, principalmente nas interfaces entre audiovisual e processos subjetivos. Idealizou os projetos de pesquisa-intervenção Olhares (Im)Possíveis e Olhares Periféricos. Compõe a Plataforma Coletiva Queerlombos, que intersecciona as questões LGBTQIAPN+ com as dimensões de raça e classe e o Coletivo MICA, espaços em que coordena e produz projetos culturais e artísticos. Doutor em Cinema e Audiovisual pelo PPGCine/UFF, Mestre em Educação e bacharel em Jornalismo pela UFOP, com passagem na UNLP/Argentina estudando comunicação audiovisual. Atualmente está como professor do curso de Jornalismo na UFOP.
Breno Henrique
É Bacharel em Cinema e Audiovisual pelo Centro Universitário UNA. Mestre em Comunicação Social pela UFMG e doutorando em Cinema pelo Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense. Trabalha com Direção de Arte, Realização Audiovisual e Artes Visuais. Dirigiu e roteirizou os filmes Como se o Céu fosse oceano (2018) e Dessa vez você não volta (2022). Realizou a videoinstalação. Agora Você Vai Ver o Meu Rosto Até Nos Lugares Mais Insubmissos dessa Cidade (2023). Foi professor do curso de direção de arte do NPD – Núcleo de Produção Digital da prefeitura de Belo Horizonte. É idealizador da PRETO E OUTRAS CORES – Mostra de Cinema Negro LGBTQIAPN+.
Milene Migliano
É professora e pesquisadora, doutora em Processos Urbanos Contemporâneos pelo PPGAU – UFBA, mestre em Comunicação e Sociabilidade Contemporânea pelo PPGCOM – UFMG e jornalista com formação complementar em cinema, também pela UFMG. Tem se engajado enquanto curadora e organizadora desde 2003 em diversos festivais de cinema que articulam contextos singulares de universidades públicas às telas, como o forumdoc.bh e a UFMG, o FIDÉ e a Paris VIII, o Cachoeira.doc e a UFRB, o Festival Mimoso de Cinema, com a UFRB e a UFOB, o F.EST.A e a UFSB, o Cinema Urbano e a UnB, entre outros. Foi diretora de produção e produtora de set em diversos filmes de ficção e documentário.
Notas
[1] Articulação dos povos e organizações indígenas que vivem na região do Vale do Javari, na Amazônia. Site oficial: https://univaja.org/.
[2] A ética da reparação é uma perspectiva operacional-analítica desenvolvida por Milene Migliano (2022) a partir do pensamento crítico de Grada Kilomba (Memórias da Plantação: episódios de racismo cotidiano, 2019) que, no entendimento da superação da colonialidade e racismo estrutural, aponta o primeiro passo na responsabilização coletiva desde a negação, culpa, vergonha, reconhecimento e reparação. A ética da reparação tem sido acionada no entendimento das criações e produções audiovisuais contemporâneas em um sentido crítico do mundo social que aponta para transformações e possibilidades de rupturas com a manutenção de gestos e opressões de inspiração colonial. Os filmes que a seguem instauram modos inovadores de fazer/ser/sentir cinema e, aqui, cinema documental.
Referências
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.
MIGLIANO, Milene. A reparação como ética da produção audiovisual contemporânea para enfrentamento ao pensamento colonial. In: Anais do 45º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. João Pessoa: Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares em Comunicação – Intercom, 2022.